sábado, 1 de fevereiro de 2014

A POLÍTICA DOS CURRAIS, A EXONERAÇÃO DA SECRETÁRIA DE SAÚDE TÉRCIA LÊDA





Para conhecimento de todos Tércia Lêda já está dando expediente no hospital universitário em Santa Cruz, instituição que a capacitou com o conhecimento profundo sobre o SUS. Para sua saída da secretaria de saúde não existe um motivo plausível, restando as conjecturas e especulações. Tércia Lêda se destacou pelo trabalho técnico voltado para a implantação do SUS como realmente deve ser, o que incluiu o município em vários projetos federais, sendo reconhecida pela sua eficiência e conhecimento técnico do Sistema Único de Saúde. Resta-nos uma pergunta: por que retirá-la se o seu trabalho frente à secretaria é respaldado pelos funcionários públicos e comunidade? Encontrar essa resposta para além da fantasia, que é o que o discurso oficial vai se valer, é um desafio.
Era notória a oposição ao seu trabalho, a líder de governo chegou a fazer críticas no plenário da câmara a secretária,  reação nítida dos políticos tradicionais inconformados por não dispor mais da secretaria de saúde como recurso eleitoreiro. Por este caminho se seguiu sucessivas investidas: apagão na secretaria de saúde, boicotes e as exonerações de assessores mais próximos sob a alegação de corte de despesa, baseado na  esdrúxula argumentação que havia se gastado mais do que devia, linha de pensamento que não se sustenta, pois todos os pedidos de gastos dos secretários têm que passar pela aprovação das finanças e a assinatura do prefeito. Tal entendimento, tornando-se regra e se estendendo a toda administração, levaria o prefeito a se afastar compulsoriamente.
Qual então o motivo? Essa pergunta alguns destemidos filiados do PT, me incluo, fizeram em reunião do referido partido, assim como toda comunidade a fará, sem resposta, mesmo assim a maioria presente optou na continuidade do apoio a administração pública municipal, tal fato deve levar em consideração que o PT local é comandado pelo grupo de Odon, desde o afastamento do Dr. Mário Lourenço e de outras lideranças.
Depois de acirrado debate, se confirmou o nome João Gustavo (PT), indicado pelo prefeito, para dar continuidade ao trabalho de Tércia e o de Ronaldo Gomes (presidente do PT) para assumir a Fundação Cultural José Bezerra Gomes, que será desmembrada da secretaria de Turismo, resultado que corresponde a programação do grupo majoritário que domina o referido partido. O PT perdeu a oportunidade de tomar outra trajetória, sair da horizontalidade submissa de bons moços, de perceber o quanto estão sendo usados pela máquina administrativa desde o período do governo do prefeito Zé Lins.
Lêda, mesmo na adversidade, conseguiu com heroísmo implantar reformas profundas nunca vistas na área da saúde aqui no município. Sua postura, técnica e ética, era tão combatida que quem a defendia era a oposição diante da omissão da situação que visava unicamente se apossar da secretaria de saúde para trampolim eleitoral. O menos mal dessa história é que João Gustavo vai para o sacrifício, dar sequência a política implantada por Lêda, mas não esquecendo que nossa secretária, teve uma história singular, sua infância foi nas casas de taipa recobertas de palha na mineração Tomaz Salustino, lugar escondido para não estar a vista as condições “dignas” dadas aos mineiros, estudou em escola pública, na juventude participou de grupos religiosos, conheceu a teologia da libertação, fez UFRN, trabalha em hospital dessa mesma instituição e militou na construção do PT em Currais Novos, esse é o diferencial que a tornou capaz e sensível para ter confiança em contrariar as autoridades políticas tradicionais, dizer sim, sim, não, não, (uma afronta) sempre baseado em conhecimento e convicções profundas. Cabe a todo administrador o amadurecimento suficiente, aprender a conviver com ideias diferentes, principalmente quando elas se respaldam em eficiência, como as posturas de Lêda, esquecendo o orgulho oriundo da condição pessoal, cunhada no personalismo das tradições culturais do coronelismo, achar que é proprietário dos Currais. 

                                                                                           J. A.

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