Não
discutimos muito acerca de nossa história e de nossa cultura, na verdade
mal a conhecemos. Quando se menciona a “História de Currais Novos”
sempre se remete à figura do patriarca fundador, no nosso caso o Cel.
Cipriano Lopes Galvão. O que tomamos como História é mais um mito de
fundação, mito alicerçado na discriminação étnica e social que marca a
trajetória e as estruturas do Brasil.
Oficialmente, a “História”
de Currais Novos começa quando seu “primeiro” povoador adquire sesmaria
na região do Seridó, constrói currais para o comércio de gado e um seu
filho ergue a igreja em honra a Santana, fundando então Currais Novos.
Negros, índios e trabalhadores não fazem parte dessa História, seu papel
é minimizado ao extremo, é apagado numa verdadeira ‘limpeza’ étnica e
social.
Isso é fruto de um projeto colonial que ainda ecoa em
nossa terra nos dias de hoje, a eliminação física e simbólica de
identidades diferencias foi estratégia de dominação dos invasores
europeus e adotada por nossas elites após a independência do Brasil. Os
índios que sobreviveram ao extermínio nos primeiros séculos de
colonização foram aculturados, sendo obrigados a negarem sua identidade e
adotarem a do colonizador, a participação dos negros, tão crucial para
nossa história, é violentamente minimizada, alimentando um discurso
falso e racista da quase inexistência de negros no Seridó.
Mas
como temos apontado, identidade é processo, é construção, não é algo
previamente dado e imutável. Mitos também não são ruins, são importantes
formas de saber, de processos identitários, então é totalmente possível
– e necessário – reconhecermos, revisarmos nossa história, nossos mitos
fundacionais, principalmente quando ele ainda é legatário de um projeto
colonial violento e discriminatório, a exemplo do que ainda hoje
persiste nos Currais Novos.
Por: Cururu Combatente
Por: Cururu Combatente
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