ONDE, O QUE E QUEM, UM PERFIL EM QUESTÃO
Na antevéspera da
nomeação dos novos secretários da administração municipal uma expectativa nos toma, principalmente quando
nos reportamos as experiências pregressas. Preocupa-me, sobremaneira, o destino da
Fundação Cultural José Bezerra Gomes, visto que ela é responsável pela política
cultural do município e atinge diretamente o produtor cultural. É preciso, pois, analisar o passado para não
cometermos os mesmos erros. Certas características têm marcado a escolha do
presidente da referida fundação ao longo do tempo. Entre as predominantes está
a condição de desenvolver alguma atividade cultural. No entanto, este
pressuposto é substancialmente genérico. Para, então, preencher a lacuna de
especificidades definidora do perfil em
questão podemos aplicar um velho exercício usado em oficinas de teatro, definir
o “onde”, “o que” faz e “quem” é ele. Existe uma geografia de mobilidade que
este representante deve ter, trata do modo de articulação junto ao meio social,
qual é a sua atuação? O grau de interação com o movimento cultural e o universo
de entendimento sobre cultura. Muitos são escolhidos pela notoriedade, distante
das discussões culturais, outros são indicados para vigiar a fundação e poucos indicados são abertos ao diálogo com os produtores culturais, pois, para isso,
é necessário que ele acompanhe e participe do dia a dia cultural do município.
O personalismo de excentricidade virtuosa é que prevalece. Tendem a escolher
alguém de relativo destaque que possui, geralmente, formulações conceituais a
respeito da cultura muito pessoal, sem vínculo com a agenda das discussões
nacionais e regionais, limitando sua interação de forma positiva.
Vale a pena destacar, nesse sentido, algumas preocupações
de ressonância no movimento cultural organizado, que entende que para a criação
de espaços e incentivos para a cultura de Currais Novos torna-se necessário a
harmonia entre as ações culturais empreendidas pela administração pública e as
premissas dos movimentos civis organizados; a criação do fundo e do conselho
municipal de cultura; democratizar o acesso a cultura contemplando a zona
urbana e rural através da criação de espaços que privilegiem a diversidade
cultural de nossa região; elaborar um projeto cultural para o município de
forma participativa; desenvolver projetos específicos nas diversas áreas de
atuação da cultura com foco na atualização e produção cultural e revitalizar e
ampliar bens culturais como a biblioteca municipal, banda de música, Escola de
música Suetônia Batista e o Museu Histórico de Currais Novos. Desta forma, será
imperativa a reformulação do estatuto da Fundação José Bezerra Gomes,
estabelecer um orçamento descente e torná-la independente da Secretaria de
Cultura dando-lhe status de secretaria.
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