terça-feira, 16 de agosto de 2011

SOBRE BELEZA


NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA PAISAGEM 
   
O impulso de sobrevivência do homem o conduziu a relacionar-se em sua natureza e chegar ao estágio atual de desenvolvimento. O sucesso de sobrevivência dá-se, em parte, pelo emprego de uma estratégia de sucesso: o pensamento funcional e prático de cunho racional.
Apesar dessa prevalência pela praticidade, existem outros fatores determinantes em sua natureza. Entre eles um elemento que está presente em tudo que nos orienta: a beleza. Muitos questionam seu sentido prático utilitário, incluindo-a dentro da categoria dos supérfluos.
Recordo-me, certa vez, caminhando pela estrada num sítio aos arredores de C.Novos. O cenário oferecia uma bela paisagem que, sempre, me dispunha a apreciá-la. Nesse dia, não foi diferente. Parei diante dela e fiquei olhando-a demoradamente. Precisava ir almoçar, mas tudo aquilo era tão prazeroso. Tentei continuar a caminhada, ensaiei alguns passos para prosseguir, em vão, retornei. Queria permanecer ali, eternamente. Outras tentativas foram frustradas e não me sentia disposto a renunciar daquele prazer. Queria estar nela, levá-la comigo, incorporá-la ao meu ser. Mas, como? Teria que seguir adiante. Como conviver com essa  impermanência? Não Seria tudo isso uma crueldade? Do que adianta me deixar levar pelo encanto dessa paisagem, se ela vai se desfazer? Nesse momento, percebi o meu engano, sim, ela permaneceria comigo, mas, como uma referência de um prazer enternecedor, e, que sempre vou procurá-la na minha vivência e reviver a mesma sensação quando experimentar momentos parecidos. Então, entendi que a beleza nos orienta a buscá-la como modelo de equilíbrio e harmonia.  Um meio de ajustamento à forma humana em sua natureza. Aplaquei a inquietação, tranqüilizei-me e consegui, finalmente, prosseguir o curso e almoçar. Apesar de não ser nenhuma novidade o assunto, constatá-lo foi muito satisfatório.
Continuando nessa linha de pensamento e, ao mesmo tempo, completando-a, lembrei-me da função das folhas das árvores, que se comportam como placas captadoras de energia para uso no seu metabolismo, a fotossíntese. Tal função nos apresenta atrelada à sua forma, seu design, estrutura plástica específica e harmonizada, uma proposta de beleza.
Desse modo, percebi que a natureza apresenta dois aspectos fundamentais: a tecnologia orgânica e da beleza. Considerando-nos parte da natureza, precisávamos nos adequar e nos reconhecer em tais leis. Para alguns, no meu caso, a beleza é uma orientação que nos leva a identificar o Deus interior que existe em nós. Segundo a filosofia religiosa espírita, a beleza é um atributo de Deus. Portanto, cabe-nos sintonizar com as leis da natureza, para estarmos em harmonia. Mas, para os que não enxergam essa possibilidade de cunho filosófico, não se impede de tê-la como performance da natureza. Em ambas as situações, considerá-la amplia nosso entendimento sobre a vida, e nos desperta para sua importância como exercício de crescimento pessoal.

Por João Antonio


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