A ÁRVORE DA SERRA
- As árvores, meu filho, não têm alma!
esta árvore me serve de empecilho…
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
- Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros… no junquilho…
Esta árvore, meu pai, possui minha alma!…
- Disse – e ajoelhou-se, numa rogativa:
“Não mate a árvore, pai, para que eu viva!”
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
(Augusto dos Anjos)
O soneto do paraibano Augusto dos Anjos nos faz lembrar de que a
identidade cultural de uma comunidade se manifesta através de uma série de
aspectos, seja ele histórico, artístico, arquitetônico dentre outros. Inserido
neste conjunto, podemos inferir um a que chamaríamos de patrimônio
paisagístico. Uma cidade é como um organismo, construído ao longo da nossa
história, refletindo os anseios, valores, estágios culturais da sociedade etc. tudo
isso está incorporado em nossa vivência, compondo nossa identidade enquanto
comunidade. A cidade se molda segundo as necessidades de se viver melhor,
procurando tornar-se mais humanizada, deste modo, a relação do ambiente físico
e humano deve estar harmonizada para causar bem estar, isso é o que poderíamos
entender como patrimônio paisagístico.
Andando
pela Rua Capitão-Mor Galvão nos deparamos com o estado agônico das palmeiras
imperiais que fazem parte da paisagem urbana do centro de Currais Novos, a sua
existência torna a cidade mais agradável, menos árida, convidativa, além de
proporcionar fruição estética, aproximando o homem da sua natureza. Nesse
sentido, essas 11 palmeiras inserem-se como elementos de um patrimônio
paisagístico de Currais Novos. Apesar de estarmos passando por um período de
escassez de água, temos que entender que a morte das palmeiras imperiais da Rua
Capitão-Mor acarretaria perdas para o patrimônio paisagístico do município, com
impacto na auto-estima da comunidade.
Faz-se
necessário, portanto, que as autoridades competentes sejam sensíveis e
encontrem estratégias para enfrentamento do problema. Acreditamos que apesar de
existir atualmente um carro pipa para abastecer a zona rural do município,
deve-se pensar noutras estratégias para o solucionamento da questão.
A muito tempo afirmo. Currais Novos não priorizar a sua arborização! Alem disso a paisagem da cidade está sendo descaracterizada por um plantio exagerado de Nim.
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