Mascarar a realidade é
um recurso apropriado para os que se julgam detentores da eficiência. Quando administram
uma cidade os donos da razão se fecham no universo de sua equipe, limitando o
contato com a população a não ser para inaugurar obras. Passando então a se nutrir
da capacidade de leitura da realidade do seu grupo de trabalho, assessores, seus iguais, que postulam a
mesma visão, impressões e entendimentos. Temos, então, o
político onipotente e onisciente de birô. Colaborando com isso, encontramos as peças
publicitárias sobre o trabalho realizado que cria uma ilusão de eficiência que
precisa convencer a todos, a defesa do caminho correto que estão seguindo. O
discurso quando é competente passa-se a acreditar, reforçando o distanciamento
do gestor com a realidade. O único antídoto para essa mazela é a participação popular,
quando bem trabalhada, democraticamente, possibilita avaliação de ações e
aponta necessidades não priorizadas.
Num sistema político
viciado como o nosso, em que o ranço do coronelismo ainda se manifesta através
dos grupos familiares, reforçando o personalismo, um governo que saiba escutar
a população está distante. Essa prática permite a transparência dos serviços e
a possibilidade dos munícipes construírem juntos a administração pública, reconhecendo-se
como co-autores dos rumos a serem tomados. Essa consonância deve ser adotada cedo ou
tarde, pois democracia requer participação popular e a humanidade avança,
cobrando posturas mais éticas.
Ao longo do tempo a direita pregou a despolitização das
pessoas, incentivou o desinteresse pela política, pois esse é o modo dela
dominar, alienando o indivíduo. Veja o caso do fascismo, da ditadura
brasileira. Não existe outra maneira das ideias da direita prevalecerem, é
preciso de uma mente confusa, vazia, sem possibilidade de operar uma leitura da
realidade, uma prova disso é o discurso que a gente está cansado de ouvir por aí, de que a política é o mal da sociedade,
que não presta, partidos é coisa de ladrão, que todos os políticos são corruptos.
Isto ficou bem claro nessas manifestações recentes, a direita está colhendo os
frutos, para mentes vazias bastam os meios de comunicação de massa (nome apropriado) para
preenchê-las e dizer o que devem pensar, isso é um fato, afinal a palavra massa
está relacionada à ausência de uma consciência crítica, informações,
conhecimento suficiente para discernir sobre a realidade, entendê-la, condição
que a torna apta à manobras. A insatisfação de não viver numa sociedade justa, sob iniciativa, o estopim, de um protesto de um grupo, a população passou a manifestar
sua insatisfação, como num impulso. Uma grande massa que
protesta contra corrupção, pedindo saúde, educação com qualidade e entre a multidão a
direita pregando o antipartidarismo, queimando bandeiras de partidos como uma
forma de intimidar o movimento de esquerda, os partidos que lutam contra a
desigualdade, são a favor da distribuição de renda, inclusão social, serviços
públicos gratuitos de qualidade. A TV globo, bandeirantes e outras TVs reforçaram
o discurso com conotações fascistas, estimulando o protesto ao uso de bandeiras
de partidos de esquerda, vermelhas, durante a manifestação. Afinal o objetivo é
desestabilizar o governo Dilma, enfraquecê-la, chegar a um Impeachment, abrindo
espaço para referenciar os candidatos dos partidos DEM, PSDB e PPS, para
próxima eleição. É importante lembrar
que esses partidos, de direita, defendem o acúmulo de capital não se importando
que as outras pessoas possam ficar pobres, miseráveis (basta lembrar do governo
de FHC, Fernando Henrique), o acesso aos serviços deve ser segundo o sucesso
financeiro, privilegiar os ricos, os impostos devem ser o mínimo possível para
satisfazer um Estado também mínimo, permitindo, desse modo, que todos os serviços
sejam privatizados. Não faz muito tempo, no governo FHC, a estratégia era não
investir nos serviços públicos para justificar a privatização, as universidades
eram sucateadas, escolas técnicas não foram mais construídas, a
saúde degradou, não existia programa de habitação, empresas públicas foram
dadas à iniciativa privada, era o fim do ideal de esquerda. Essa situação só
veio ser revertida com a entrada do governo Lula que demonstrou que ascendendo
financeiramente a classe dos menos favorecidos economicamente dinamizaria a
economia, fato que se tornou importante para o desenvolvimento do país.
Estratégia de sucesso que está fazendo o país enfrentar a crise econômica internacional.
Quando nas manifestações de massa (não uso o termo popular,
pois esse termo não é sinônimo de número de pessoas) recente vejo um cartaz
contra a corrupção eu penso em quantos, ali, elegeram com o voto os corruptos, estes
que estão no congresso e senado, alvo do protesto, quantos manifestantes, no
dia a dia, não se utilizam da esperteza para enganar seus semelhantes, e os que
vendem seus votos? Deve-se exigir dos Governos transparência, severidade para
punir os corruptos, mas para que diminua a corrupção começa com o dever de
casa, é uma questão moral da sociedade como um todo.
Manifestações
organizadas por pessoas que em época de campanha compra voto ou se vende, isto é, política de direita, tem o intuito único de sovar a massa.
Hoje Clara Sandroni na TV Brasil, às 21:30, programa de memória da TVE Talvez muitos não a conheça, ouvi pela primeira vez na década de 80 e fiquei encantado com sua voz, havia perdido o contato, mas a guardava na memória. Naquela época me deliciava com sua forma de cantar. Lembro-me da música Pão Doce, encontrei-a no YouTube, apesar da gravação não ser de boa qualidade, mas aqui vai a letra para facilitar a receptividade. A mesma música com Adriana Calcanhoto não me contagiou, ela adota uma forma de cantar mais rude eliminando alguns contornos poéticos entre a música (instrumental) e a letra, os quais Clara explora magníficamente, conseguindo uma unidade, acho que estou falando de sentimento, só ouvindo. Apreciem as músicas Pão Doce, Guarnapos de Papel e Ladeira da Memória.
Pão Doce - Carlos Sandroni - gravação 1984
Não adianta mentir pra mim mesma
ficar me enganando, tentando dizer
que nunca na vida, nunca na vida eu gostei de pão doce
porque por mais que eu queira esconder
a verdade é que eu adorava pão doce
não podia passar sem pão doce
bastava ver padaria, que logo eu ia,
que logo eu ia comprar
Não adianta mentir pra mim mesma
porque no fundo, porque no fundo eu sei muito bem
que essa história toda de não comer açúcar
que essa história toda de não comer pão branco
que essa história toda de viver de mel e pão integral
isso tudo só foi começar muito depois
depois de um tempo em que eu eratão completamente ingênua
tão sem força de vontade
que as doces delicadezas
de qualquer guloseima
lânguidas me seduziam
e minha língua sofria
de incontrolável fascínio
por cremes dourado
se frutas cristalizadas
feito rubis incrustadas
nas crostas crocantes dos pães
mas hoje
hoje tudo é diferentes
e eu olho pruma padaria, me ponho cismando, chego a duvidar
como é que pôde um dia
eu ter entrado tanto lá!...
porque por mais que eu queira, mas que eu queira
mentir pra mim mesma
ficar me enganando, tentando dizer
que nunca na vida, nunca na vida eu gostei de pão doce
fazendo um exame detido, sendo sincera, eu tenho que admitir
que a verdade, meus amigos(pelo menos no que tange a trigos)
a verdade no duro, doa a quem doer
a verdade é que eu adorava pão doce...
Carlos Sandroni - Gravada por Clara Sandroni e Adriana Calcanhoto
Guardanapos de Papel - de Lee Masliah (adaptação português de Carlos Sandroni) no Teatro Cândido Mendes, 1988.
Na minha cidade tem poetas, poetas
Que chegam sem tambores nem trombetas
Trombetas e sempre aparecem quando
Menos aguardados, guardados, guardados
Entre livros e sapatos, em baús empoeirados
Saem de recônditos lugares, nos ares, nos ares
Onde vivem com seus pares, seus pares
Seus pares e convivem com fantasmas
Multicores de cores, de cores
Que te pintam as olheiras
E te pedem que não chores
Suas ilusões são repartidas, partidas
Partidas entre mortos e feridas, feridas
Feridas mas resistem com palavras
Confundidas, fundidas, fundidas
Ao seu triste passo lento
Pelas ruas e avenidas
Não desejam glorias nem medalhas, medalhas
Medalhas, se contentam
Com migalhas, migalhas, migalhas
De canções e brincadeiras com seus
Versos dispersos, dispersos
Obcecados pela busca de tesouros submersos
Fazem quatrocentos mil projetos
Projetos, projetos, que jamais são
Alcançados, cansados, cansados nada disso
Importa enquanto eles escrevem, escrevem
Escrevem o que sabem que não sabem
E o que dizem que não devem
Andam pelas ruas os poetas, poetas, poetas
Como se fossem cometas, cometas, cometas
Num estranho céu de estrelas idiotas
E outras e outras
Cujo brilho sem barulho
Veste suas caudas tortas
Na minha cidade tem canetas, canetas, canetas
Esvaindo-se em milhares, milhares, milhares
De palavras retrocedendo-se confusas, confusas
Confusas, em delgados guardanapos
Feito moscas inconclusas
Andam pelas ruas escrevendo e vendo e vendo
Que eles vêem nos vão dizendo, dizendo
E sendo eles poetas de verdade
Enquanto espiam e piram e piram
Não se cansam de falar
Do que eles juram que não viram
Olham para o céu esses poetas, poetas, poetas
Como se fossem lunetas, lunetas, lunáticas
Lançadas ao espaço e ao mundo inteiro
Inteiro, inteiro, fossem vendo pra
Depois voltar pro Rio de Janeiro
Ladeira da Memória - de Zé Carlos Ribeiro no programa "Um Toque de Classe", de Cesar Camargo Mariano, na extinta TV Manchete, 1986.
Olha as pessoas descendo, descendo, descendo
Descendo a Ladeira da Memória
Até o Vale do Anhangabaú
Quanta gente!
Vagando pelas ruas sem profissão
Namorando as vitrines da cidade
Namorando, andando, andando, namorando
O céu ficou cinza e de repente trovejou
E a chuva vem caindo, caindo, caindo
Prendendo as pessoas nas portas, nos bares
Na beirada das calçadas
Quanta gente!
Com ar aborrecido olhando pro chão
Pro reflexo dos edifícios e dos carros
Nas poças d'água
E pros pingos, pingando, pingando, pingando
Olha as pessoas felizes, felizes, felizes
Felizes por que a chuva que caía agora pouco
Essa chuva que caia agora pouco já passou
Vejam esse vídeo sensacional do P. C. Siqueira, o magro, e o Diego, o gordo, eles são bem didáticos quando explicam o que é esquerda e direita e denunciam a estratégia de desinformação que a Globo promove para agir por causa própria, favorecendo a direita. Um bom momento para começar a se politizar.
Caríssimos seguidores dos voos tantos quantos avoantes, estamos estarrecidos com os últimos acontecimentos que assolaram esse país. E gostaria de lembrar um fato corriqueiro que assistimos diariamente, um discurso recitado pela mídia que nutre o sentimento contra a política. Tenho convivido com amigos que não tem partidos, que repudiam qualquer relação com a política partidária. Não penso assim, a história da humanidade não tem os partidos como uma aberração e sim como uma forma organizacional de encaminhamento de projetos de sociedades. Aproveitando esse mote, gostaria de destacar esses trechos que pesquei do blog +Cartas e Reflexões Proféticas por Dom Orvandil, acredito que eles auxiliarão a entender as entre linhas dos discursos midiáticos.
"Mas aspectos tremendamente
atrasados, que são tentativas de voltar para bem antes de Lula, são muito
fortes e repudiáveis. Um deles, que é grotesco e permissivo, é o desprezo aos
partidos de esquerda e às organizações populares como MST, Centrais Sindicais,
Sindicatos, Conam, UNE, UBS e tantos outros. Tal desprezo se constitui em
gritante desrespeito à história de lutas e libertação de nosso povo e de nosso
País. Qualquer sociólogo de boa vontade sabe que sem fomentação partidária não
há luta que se organize tática e estrategicamente de modo a provocar
transformações. Os partidos elaboram e dirigem o povo. Sem partidos o povo é
massa informe e manipulável pela direita fascista e eletizante."
"O mais chocante de tudo isso é
que as “orientações” para os brutamontes assim agirem vieram de fontes ainda
não conhecidas e da TV Globo. Reitero: a atitude de negar os partidos e a
militância não é coisa nova, é repetição do que Mussolini e Hitler ensinavam
para a Itália fascista e para a Alemanha nazista, que acabaram amordaçando e
sufocando as consciências de seus povos e até de suas classes trabalhadoras,
cujos líderes foram presos e exterminados. Portanto, o que aconteceu foram aviltamento
e desrespeito criminoso à Constituição Federal que define os direitos políticos
dos cidadãos brasileiros."
"Mas o que
houve nas manifestações dessa quinta-feira não foram críticas, mas atitudes
fascistas e discriminatórias, verdadeiros atentados à democracia."
FONTE: Empresa Brasil de Comunicação é uma instituição da democracia brasileira: pública, inclusiva e cidadã.
Sobre a EBC:
Criada em 2007 para fortalecer o sistema público de comunicação, é
gestora dos canais TV Brasil, TV Brasil Internacional, Agência Brasil,
Radioagência Nacional e do sistema público de Rádio – composto por oito
emissoras. Estes, por sua independência editorial, distinguem-se dos
canais estatais ou governamentais, com conteúdos diferenciados e
complementares aos canais privados.
Os veículos da EBC têm autonomia para definir produção, programação e
distribuição de conteúdos. Atualmente, são veiculados conteúdos
jornalísticos, educativos, culturais e de entretenimento com o objetivo
de levar informações de qualidade sobre os principais acontecimentos no
Brasil e no mundo para o maior número de pessoas.
A estrutura é o
arcabouço de sustentação que planifica os fundamentos do vir a ser. Nela
encontra-se as bases que estabelecem o âmago das coisas. Revelando-a...VER MAIS
Na última reunião da diretoria da
Associação Avoante de Cultura foi discutida a falta de espaços adequados para a
realização de exposições em nosso município. Assunto pertinente considerando as
condições precárias que dispõe Currais Novos com relação a esse tipo de
equipamento cultural.
Recentemente fui procurado para
fazer uma exposição dos meus trabalhos na UFRN, Centro Regional de Ensino
Superior do Seridó (CERES), Currais Novos/RN, que não foi concretizada
devido às condições estruturais do campus de nossa cidade. O impedimento se deu
pela impossibilidade de furar as paredes com pregos, mas nos foi apresentada a
alternativa do uso do cavalete. Surge, então, o problema principal: devido à
dimensão dos trabalhos, de pequena proporção, existe o risco de que os
cavaletes se incorporem à estrutura desses suportes, prejudicando uma
orientação básica em uma exposição: o isolamento da obra que proporciona uma
melhor fruição para seus consumidores. As superfícies planas, portanto, seriam
mais propícias para as características de pintura que se desejava apresentar.
A UFRN de Currais Novos,
importante centro de ensino de nossa região, será sensível ao nosso apelo e
contornará esse problema, dispondo de uma sala para que os artistas plásticos
possam compartilhar sua produção artística, isto é, produção de conhecimento,
finalidade de toda universidade.
Essa dificuldade do espaço
minimamente adequado para realizar exposições é generalizada no nosso
município. Numa outra oportunidade abordei Celso Cruz, Secretário de Turismo e
Cultura, e expus o problema, ele se mostrou receptível e se comprometeu a
apresentar soluções, principalmente considerando a proximidade da festa da
padroeira Sant’Ana, evento importante do calendário turístico de Currais
Novos.
Visitamos a Câmara de Vereadores
que possui um ambiente agradável, amplo, mas que em suas paredes foram
afixados, fotos, informações diversas, restringindo o espaço ao acervo
histórico daquela instituição. Conversando com Leonor Guimarães, nossa
interlocutora, esclarecemos da incompatibilidade de ocorrer uma exposição no
referido lugar, pois haveria um desvio da atenção do visitante para o acervo
disposto na sala.
O salão nobre da Prefeitura de
Currais Novos já foi um local onde aconteceram muitas exposições, no entanto, é
preciso ser revisto as condições de acessibilidade, painéis expositores,
assim como a iluminação. Já a Casa de Cultura... está abandonada.
Esse assunto entrou em pauta,
vamos ecoar a discussão: os artistas plásticos precisam de sala de
exposições, apoio logístico para exporem suas obras e os nossos
munícipes, o acesso a arte.