Sem título, óleo s/tela, 1987, autor: João Antonio |
Certos
substantivos são inalcançáveis, um ideal a ser atingido, assumem um caráter
universal, suficientemente abstrato: felicidade, democracia, justiça etc.
Suscetíveis as permanentes mudanças mediante ao estágio cultural da
sociedade. É comum tomarmos esses substantivos e querermos torná-los
concretos, e afirmamos: a felicidade existe de fato, esse partido não condiz
com tal prática. Mas, diante do verbo, o discurso que anuncia a ação e a
prática, entre eles, encontramos as intenções, propriedade da personalidade,
órgão executivo, detentor do meio pelo qual veiculará e se materializará a
ação. Leis, regras sociais, filosofias, doutrinas, livros sagrados conduzem a
conduta humana, porém, a individualidade operadora da ação reside o
humano imperfeito com suas contradições. Por outro lado, se os substantivos
universais tornassem concretos, estaríamos diante da perfeição, viveríamos de
contemplação, pois nada teria de ser feito, aprimorado.
Às
vezes nos decepcionamos com encaminhamentos políticos que não cumprem com seus
programas e nos tornamos descrentes, condenando a política por não ter cumprido
o ideário pregoado, sentimento reforçado por discursos midiáticos com segundas
intenções, então, passamos a condenar a política partidária e aqueles que a seguem.
De forma preconceituosa os consideramos atrasados e nos encastelamos em
posturas pseudoneutras, ficando em cima do muro. Afinal, não somos partidários,
não seguimos cartilhas, justificamos e nos vangloriamos como as pessoas mais
politicamente corretas? Engano, nossas posturas e atitudes quase sempre estão alinhadas a
algum seguimento ideológico. Não existe substantivo, verbo e atitude sem o
componente ideológico quando estes se revestem de intenção propositiva, de intervir numa dada realidade, enquadrando-se de alguma maneira em correntes do pensamento que estruturam a política partidária.
Os
mantras partidários, doutrinários, filosóficos são proferidos, mas a execução
da ideia em ação concreta, esse caminho, no meio, existe o homem. O que seria
do partido do amor se não fosse outro entendimento que nos foi mostrado a mais
de 2000 anos, teríamos permanecidos só na prática do amor egoico? Cabe ao
indivíduo o esforço de construir uma prática condizente com suas crenças e não
culpá-las como se a responsabilidade caísse sobre elas pelo insucesso. Somos os
artífices do mundo e respondemos por nossas ações.
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