quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

PATRIMÔNIO PAISAGÍSTICO




       A ÁRVORE DA SERRA

    - As árvores, meu filho, não têm alma!
    esta árvore me serve de empecilho…
    É preciso cortá-la, pois, meu filho,
    Para que eu tenha uma velhice calma!

    - Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
    Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
    Deus pôs almas nos cedros… no junquilho…
    Esta árvore, meu pai, possui minha alma!…

    - Disse – e ajoelhou-se, numa rogativa:
    “Não mate a árvore, pai, para que eu viva!”
    E quando a árvore, olhando a pátria serra,

    Caiu aos golpes do machado bronco,
    O moço triste se abraçou com o tronco
    E nunca mais se levantou da terra!
                           (Augusto dos Anjos)







O soneto do paraibano Augusto dos Anjos nos faz lembrar de que a identidade cultural de uma comunidade se manifesta através de uma série de aspectos, seja ele histórico, artístico, arquitetônico dentre outros. Inserido neste conjunto, podemos inferir um a que chamaríamos de patrimônio paisagístico. Uma cidade é como um organismo, construído ao longo da nossa história, refletindo os anseios, valores, estágios culturais da sociedade etc. tudo isso está incorporado em nossa vivência, compondo nossa identidade enquanto comunidade. A cidade se molda segundo as necessidades de se viver melhor, procurando tornar-se mais humanizada, deste modo, a relação do ambiente físico e humano deve estar harmonizada para causar bem estar, isso é o que poderíamos entender como patrimônio paisagístico. 


Andando pela Rua Capitão-Mor Galvão nos deparamos com o estado agônico das palmeiras imperiais que fazem parte da paisagem urbana do centro de Currais Novos, a sua existência torna a cidade mais agradável, menos árida, convidativa, além de proporcionar fruição estética, aproximando o homem da sua natureza. Nesse sentido, essas 11 palmeiras inserem-se como elementos de um patrimônio paisagístico de Currais Novos. Apesar de estarmos passando por um período de escassez de água, temos que entender que a morte das palmeiras imperiais da Rua Capitão-Mor acarretaria perdas para o patrimônio paisagístico do município, com impacto na auto-estima da comunidade. 


Faz-se necessário, portanto, que as autoridades competentes sejam sensíveis e encontrem estratégias para enfrentamento do problema. Acreditamos que apesar de existir atualmente um carro pipa para abastecer a zona rural do município, deve-se pensar noutras estratégias para o solucionamento da questão.  

     

Um comentário:

  1. A muito tempo afirmo. Currais Novos não priorizar a sua arborização! Alem disso a paisagem da cidade está sendo descaracterizada por um plantio exagerado de Nim.

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