PLEITO ELEITORAL DE CURRAIS NOVOS 2012
A nação é uma construção que se dá mediante a experiência
tecida na relação coletiva de um povo. Assim, desenvolvem-se a cultura, a noção
de justiça, a política, as crenças, etc. E nesse tecer, a cada eleição, mais um
compêndio de fatos e posturas que nos leva à reflexão e que nos oferecerá
significativo material para o aprendizado. Desse modo, vivenciar, refletir e
avaliar são prerrogativas importantes nesse processo. E toda experiência um
registro de impressões que variam segundo os valores de cada indivíduo.
Nessa edição eleitoral de 2012, considero que o caráter egóico,
pensar só em si mesmo e tomar vantagem em detrimento do outro, valorizado como
esperteza que reafirma o princípio de que o mundo é dos espertos, isto é, dos
“inteligentes”, continua prevalecendo. Esta postura é percebida numa prática corriqueira: a compra
de voto que permite ao eleitor excluir-se do compromisso que tem com a
coletividade, uma conduta em que domina o individualismo. A eleição é uma oportunidade de se
pensar no todo, no nosso organismo sócio político cultural. Mas, certo contingente
de eleitores ainda se identifica com a prática da corrupção, presente em seu cotidiano,
refletindo no pleito eleitoral.
Os compradores travestidos de “trabalhadores de candidato” fingem
para os outros com seu verniz social a verdade contida no seu ato de crime
eleitoral, já, o eleitor, por sua vez, se conforta na plenitude de sua esperteza.
O eu é uma particularidade de uma interação com o coletivo. Comprar
voto se opõe diametralmente com a noção de coletividade, de que somos
coletividade, logo trata de uma arbitrariedade a si mesmo e aos outros. E não
adianta os ensinamentos religiosos de amar uns aos outros, pois, estes postulados
são adaptados ao discurso do individualismo. E considerando o histórico do
coronelismo e da ditadura militar recente e diante de um sistema educativo e de
valores morais religiosos a desejar, entendemos como é frágil o senso de
coletividade de nosso povo.
Desse modo, a vulgaridade torna-se a marca para as
agressões. Mentir, fingir e tiranizar são parte de uma normalidade política. Nas
campanhas eleitorais prevalecem a idéia de que o fim não justifica os meios
para alcançar o poder. Inventar pesquisas falsas, criar passeatas ilusórias, caluniar e disseminar terror na mídia ilustra bem o que é dito. Tais posturas se contrapõem a todos os princípios de
virtude do homem. É essa a regra do fazer política, o desequilíbrio? São esses
os representantes do nosso povo? Infelizmente eles governam, pois eles são o
reflexo do estágio atrasado de nossa sociedade.
O Rio Grande do Norte e Currais Novos ainda sofre com os
partidos de famílias, herança dos coronéis, em que o personalismo prevalecia, a
pessoa que detinha riqueza era a lei e o poder. Mas a contorcida história vai
nos ensinando que a ideia de Estado é um bem coletivo e que precisa se libertar
do controle da arrogância do individualismo. Currais Novos, mesmo em convulsão,
reagiu e outorgou novos rumos e experimenta a esperança mais uma vez, manancial,
combustível para um passo adiante.
Parabéns Vilton Cunha e João Gustavo.
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