quinta-feira, 6 de março de 2014

O ARRASTÃO DO BOI POR PAULO GOMES

E TUDO TERMINA EM CINZAS,
Confetes e serpentinas
                                                                                                                 Por Paulo Gomes

Não tive o prazer de participar dos festejos carnavalescos de nossa cidade. O Arrastão passou e eu passei – quase em brancas nuvens. A exceção a ausência total aos festejos foi o tempo que passei com meu filho e alguns amigos no espaço próximo ao palco. Isso na segunda, com a grata surpresa de Jonas Linhares a encantar-nos com sua proposta musical consonante com os objetivos do Arrastão: carnaval cultural. Isso parece uma redundância equivocada. O carnaval é cultura em si. Talvez quando cada um dos idealizadores pensou na proposição carnavalesca, buscavam o reavivamento de uma proposta que viesse de encontro ao povo e neste tivesse suas bases de consecução. É bem isso que vem acontecendo. Passo a passo o nosso carnaval vai procurando (re) descobrir sua face ou sua máscara que essencialmente terá no povo seus personagens principais na figura de foliões a ocuparem todos os espaços que se permita ocupar.
Nos demais dias, pulei o carnaval com os olhos a saltitar com os comentários postados nas redes sociais pelos foliões dos Currais. Ficava feliz com a alegria das muitas percepções positivas relacionadas ao nosso carnaval que tem no Arrastão do Boi o seu sinônimo, seu símbolo que denota uma possível identidade carnavalesca a ser nossa fantasia nestes quatro dias de profanidade consagrada à alegria.
Baile de máscaras na sexta – uma pretensão de resgatar a festividade de clube, Dodora Cardoso no sábado e domingo (que venha nos próximos anos), Dia do Contrário na segunda. Nesse dia, em particular, provoquei minha esposa a participar junto comigo da ideia, porém, questões de saúde na família não permitiram nem seguir adiante com os estudos para figurino. Jonas Linhares subiu ao palco na noite desta mesma segunda. Khrystal na última noite de folia – a grande atração. Cinzas por vir, ainda na terça de carnaval.
(...)
Uma breve pausa para tentar entender os comentários que destoaram da festa, da alegria, da percepção de carnaval popular. Num primeiro comentário de uma querida amiga, havia uma referência a “apropriação indébita” por parte de um grupo específico
de conotação política partidária que a questionara se havia mudado de lado por está participando do festejo carnavalesco – coisa esquisita, comentário igualmente esquisito; conhecendo cada um dos idealizadores da ideia do Arrastão e seus objetivos, eximo-me de contra argumentar ao exposto por minha amiga, afinal, o carnaval é do povo e assim sei que os idealizadores o percebem. Mais leituras adiante e percebi um ecoar de textos dissonantes com a expectativa de uma Khrystal linda, leve e solta na sua arte de cantar e encantar. Parece que houve um desencontro, um desencanto. Não entendia todo o burburinho potencializado nas redes sobre um chilique de “estrela global”, ou fazia de conta não entender. Simplifiquei o pensamento em: “Ela não estava num bom dia, certamente!”. Mas, tinha que ser logo na terça de carnaval? Sobre o palco que se constrói dos sonhos destes nossos artistas cheios de vontades nossas de alegria, de vontades deles mesmos de reavivar, como já disse antes, a festa do povo, para o povo?
É, mais continuamos caminhando aos pouquinhos. O percurso parece ter sido maior nesse ano. A festa se agiganta devagarzinho, como deve ser os exercícios de construção do fazer cultura, do viver cultura. Acho que estamos no caminho certo, tirando o errado que estava ali ao lado a estourar nossos tímpanos sob a hedionda denominação de paredão. Algo a se pensar para os próximos anos. Porém, isso é outra história. Na avaliação, com certeza, muitos pontos serão elencados e discutidos e novos caminhos apresentados. No fim, confetes, serpentinas e sons de músicos na trivela, na voz de Dodora, de Jonas e até mesmo de Khrystal, excetuando a sua fala que não nos faria qualquer falta como o faz sua música, sua arte. Não menosprezarei a artista, pois assim estaria menosprezando seu fazer artístico. E neste dia de cinzas de carnaval, as serpentinas e confetes é o que na verdade nos sobra como prenúncio do que virá e como sinônimo de que foi bom – apesar de todo pesar e tanto pesar promover a alegria de todos indistintamente. E a alegria está logo ali no Arrastão do Boi. E, da próxima vez, quero também ser arrastado pela felicidade profana desses dias e desse Boi.

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