ATUALIZAÇÃO DA PINTURA A ÓLEO "AVOAÇO"
DO ARTISTA PLÁSTICO JOÃO ANTONIO.
O movimento é a principal marca nesta obra, nela o olhar é assaltado, lhe é tirado do modo costumeiro do ver estático. De imediato nos detemos no centro do retângulo do quadro, sendo levados pelas três portas num movimento horário sugerido pela porta que está na horizontal e o bico do pássaro que aponta nesse sentido, reforçando-o. Explorar o centro do quadro não seria indicado em outras situações, pois, naturalmente, o observador o procuraria, considerando a forma retangular do suporte da pintura que já o sugere. Reforçá-lo prenderia a atenção de quem o vê, supervalorizaria, em detrimento aos outros elementos que comporia a obra. O curso descrito do nosso olhar numa obra é determinado pelo quanto os elementos que a compõe chamam a atenção. estabelece-se, então, uma hierarquia de valores. Claro que nesse processo entra também a predisposição, as motivações, os valores culturais que dispomos enquanto indivíduo. Mesmo assim, ao apreciar uma obra somos conduzidos por ela. Em "Avoaço", o reforçar do centro retangular do quadro é proposital, nele encontra-se o epicentro do movimento que conduz o espectador a uma experiência através de representações expressas em imagens que se misturam gravitando em seu entorno. Neste jogo, por vezes, portas são bocas; rostos, casas; olhos, janelas. O homem é seu produto, num modo contínuo, num movimento perpétuo, ele se reconhece, faz-se e se confunde a sua obra que ascende em voos como pássaro, num empinar de pipa ao vento, sua obra. "Avoaço" nos traz uma reflexão sobre o que somos, que o ser se estende para além dos limites supostos do corpo, que nos moldamos ao movimento da nossas criações, conhecimentos, nos inventando, assim como o sol ao universo.
