domingo, 1 de junho de 2014

IMPRESSÕES DAS CORES DE FRIDA


Voar é a predestinação do Avoante, espaço que se expande quando o inusitado nos leva a novos percursos de exploração das rotas de voo. Assim é a impressão deixada pela peça "As Cores Avessas de Frida Kahlo" do grupo As Cores de Teatro do Departamento de Artes da UFRN no último sábado no Espaço Avoante de Cultura, Currais Novos/RN. Não vale o olhar convencional que nós estamos acostumados para vivenciá-la: o distanciamento entre plateia e personagens que cria um vácuo entre o apreciador e a obra, limitando o sentir. Nela, as personagens tocam nossos sentidos como se fôssemos parte do corpo da obra, estamos em cena. 

Esse velho mundo dominado pela concatenação das ideias de forma linear, analiticamente, orientação que nos leva a ver sempre as coisas numa dimensão cerceada pelo começo, meio e fim, em que os fatos tem uma cronologia, sequência de tempo que os dispõem hierarquicamente, essa sistematização não nos é dada, pois nós é que temos que a construir, somos os ordenadores de uma ideia de sentido. As sensações nos impregnam, adentram em nossa tez sensitiva e tomamo-las  para moldá-las no painel da nossa vivência no mundo. 

A peça constrói uma rede de imagens metafóricas para falar do universo  interior de Frida Khalo, que se encontra espalhada na atmosfera ambiente do palco, todas as personagens estão repletas dela.  A dor e o prazer se comprazem e se entregam a uma procura de múltiplos matizes, em sobreposição de olhares de singulares cores que escorrem no sibilar do sussurro da alma. Olho em riste para se dizer vida. 





João Antonio  

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