quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

TEATRO DOS CURRAIS

A produção cultural em Currais Novos carece de consistência, isso ocorre, principalmente, pela falta de sincronia do poder público com o movimento civil. O trabalho artístico produzido pela comunidade não tem continuidade, pois não se tem políticas de apoio para isso acontecer. Um exemplo foi o movimento de teatro de rua na década de 80 e início de 90. Grupos de teatros invadiram os recantos da cidade para levarem a arte a população que, muitas vezes, os recebiam com espanto. Nesse momento, a experiência de teatro desenvolvida, aqui, tinha uma peculiaridade importante: o despojamento dos exageros teatrais, fato que se justificava pela base de interpretação adotada: Stanislavski (falecido em 1938), ator, diretor, pedagogo e escritor russo. 
Podemos perceber a atualização e a relevância do trabalho de teatro desenvolvido  nesse momento, principalmente, pelo grupo Boca de Rua, pois foi na década de 80 que estava começando a se propagar  os métodos e técnicas de preparação e interpretação do ator desenvolvido por Constantin Stanislavski, através do curso de teatro do Departamento de Artes da UFRN e do diretor de teatro Carlos Nereu, que dirigiu várias peças no cenário cultural de Natal nesse período.
O grupo Boca de Rua mantinha-se por teimosia movida pelo idealismo de seus componentes, entre eles destacamos Jefferson Fernandes. A falta de uma sede e recursos para montar os espetáculos era um problema crônico e superável até certo ponto. É sabido que quando as adversidades aumentam é comum a impossibilidade de continuidade dos projetos culturais. Essa é uma história conhecida, já repetida em versos, que acontece em todas iniciativas  artísticas  em nossa cidade. Essa fragilidade de produção seria superada se tivesse apoio, que se daria pelo poder público, por ser público. Afinal o conhecimento produzido pelo movimento artístico não é um bem significativo para nossa cultura e importante para cidade? 
O resultado: o Boca de Rua foi desfeito, Currais Novos passou quase uma década sem grupos de teatro produzindo. Stanislavski foi esquecido. Para, em fim, surgisse a febre dos autos religiosos, propagando o espetaculoso, o teatral, o exagero ao extremo o oposto ao que se semeou na década de 80 e 90. A pergunta é: em que ganhamos? Como recuperar o tempo perdido? Isso só se daria se o poder público mudasse sua postura, o que não acontece, ela se reproduz a cada gestão, in perpetuum. Precisamos tomar a Bastilha ou, quem sabe, o armazém  do curral!



Fotos: acervo de Elisabete Vinas




sábado, 15 de fevereiro de 2014

IMAGENS DO ESPETÁCULO "ERA UMA VEZ O PALHAÇO"


O Grupo de Arte Espírita SEMENTES,  da cidade de Mossoró, abriu a temporada de espetáculos teatrais no Espaço Avoante de Cultura em 2014. O bom público que compareceu ao Avoante na noite deste sábado se divertiu e refletiu com a peça "ERA UMA VEZ O PALHAÇO", que apresentou a história de três palhaços desencarnados e atrapalhados que voltam ao plano material para ajudar alguns artistas de circo encarnados a enfrentarem situações difíceis que envolvem dívidas reencarnatórias. Mesmo sendo uma peça espírita, o espetáculo encantou e emocionou o público de vários credos e idades que compareceu ao Espaço Avoante. 





sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

"ERA UMA VEZ O PALHAÇO", A ARTE ESPÍRITA NO AVOANTE

A arte espírita tem se destacado ante o modelo predominante de arte em que o interesse monetário prevalece sobre os valores éticos e morais. Ela traz um olhar diferenciado com informações mais  abrangentes que permite entendimentos que explicam a necessidade de posturas responsáveis face a vida. Segundo Léon Dénis no livro O Espiritismos na Arte "O Espiritismo vem abrir para a arte novas perspectivas, horizontes sem limites. A comunicação que ele estabelece entre os mundos visível e invisível, as informações fornecidas sobre as condições da vida no além, a revelação que ele nos traz das leis superiores da harmonia e de beleza que regem o universo, vem oferecer aos nossos pensadores e artistas inesgotáveis temas de inspiração"
O Grupo de Arte Espírita Sementes de Mossoró/RN tem como referencial para sua produção a mensagem e os valores da doutrina filosofica espírita. O espetáculo "Era uma Vez o Palhaço" toma como tema a existência e sobrevivência do espírito, a reencarnação e as implicações nas relações entre o mundo invisível e material para contar com alegria e humor a história de dois palhaços encarnados que passam por situações  difíceis. Tudo acontece num picadeiro, o plano espiritual interage na situação vivida pelos dois personagens ajudando-os a superarem o problema oriundo de resgates reencarnatórios. 
O Espaço Avoante de Cultura convida a todos que se interessam pelos valores éticos deixado por Cristo, que são de extrema importância para os nossos dias, a assistir o espetáculo "Era uma Vez o Palhaço" às 19h 30min dia 15 de fevereiro.
O evento é uma realização da Associação Avoante de Cultura, NESL - Núcleo Espírita Seara de Luz e CRES II- Comissão Regional Espírita do Seridó II

Sejam bem vindos!

 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

ESPETÁCULO "ERA UMA VEZ O PALHAÇO"

O espetáculo "Era Uma Vez o Palhaço" do Grupo de Arte Espírita Sementes" de Mossoró/RN tem como ambiente um picadeiro, onde acontece a alternância dos planos material e espiritual. Trata da intervenção de três palhaços desencarnados que procuram ajudar dois outros palhaços que estão passando por experiências difíceis advindas de resgates de natureza reencarnatórias. A história é contada com alegria e humor e aborda assuntos como a existência e sobrevivência do espírito, reencarnação, obsessão e o perdão. 


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O LEGADO DE TÉRCIA LÊDA


Há muito que conheço Tércia Lêda, e desde sempre ela foi extremamente combativa, lutando sempre o bom combate. O bom combate, aquele onde as pessoas buscam de maneira honesta a justiça na sua forma que se evidencia na bondade. O outro lado, luta numa guerra que desmerece a natureza humana onde a busca de uma sociedade igualitária não é de forma alguma percebida.
Vi recentemente minha amiga Lêda, nos dias que talvez se configurem nos mais dramáticos em sua vida, senão mais dramáticos que a própria vida que nunca lhe foi fácil. Ela me dizia que estava “deixando” a secretaria de saúde ao mesmo tempo trazia em si uma felicidade pelo trabalho desenvolvido ao longo de um ano de intensa luta. Aquilo me causou extrema surpresa. Porém, nem ela mesma sabia o motivo de sua saída. E isso tudo justifica minhas palavras iniciais neste texto.
Lêda trouxe um norte à secretaria municipal de saúde que se pautou tão somente nos princípios elencados pelo próprio SUS: universalidade, equidade, integralidade, descentralização, resolutividade, regionalização e hierarquização e participação popular. Desfez a imagem atrelada a secretaria de saúde que se pautava aos olhares estranhos ao próprio sistema do uso dos serviços públicos em saúde como moeda eleitoreira, onde se utilizava os serviços oferecidos como favor dos caciques (ou dos próprios índios) – políticos medonhos dos nossos Currais.
Nós, pobres mortais, vivemos sob a sombra da exploração nos mais distintos momentos de vida por parte destes senhores e senhoras do poder. As máscaras de sorrisos fáceis e falsos haverá um dia de cair por terra. Lêda trouxe o contraponto, o diferente, enfim, o honesto nas práticas todas que se precisa ter quando lidamos com o que é público. Lêda foi exceção, não regra as práticas desonestas que se verifica nos meandros do poder.
Não há nela uma perfeição, nem trago isso no que proponho aqui. Há o sonho que se consubstancia pelo que lhe é inerente: a ideia de transformar as práticas administrativas em atos com reflexo social perceptível. O caminho foi iniciado, outro haverá de dar continuidade ao mesmo, no caso o atual vice-prefeito João Gustavo, sendo assim, acredito que o caminho continue. Porém, até quando?
Ainda, certamente, haverá aqueles que continuarão explorando os necessitados de uma consciência profunda de política – não a política das bandeiras, mas aquela que se constrói pela necessidade de uma sociedade justa (Lêda trazia isso em si). Haverá os que lutarão numa guerra suja de desejos de poder, aqueles que ainda tentarão dificultar os caminhos que talvez agora seja percorrido por João Gustavo e seus colaboradores. João é amigo de Lêda e sabe do trabalho construído em um ano que ela esteve a frente da secretaria de saúde e que está para além de décadas do que não se fez pela saúde de cada uma destas pessoas de dentro dos Currais.
Os outros espreitam por entre os corredores do poder. Estão sempre presentes nas reuniões de gabinete, sempre sorrindo, sempre dizendo que fez o que nunca faz, sempre com suas pseudo auras de bondade, sempre os mesmos de sempre – hora juntos com uns, hora juntos com outros que antes lhes eram adversários ferrenhos. Porém, com a mesma fome de poder de sempre. Eis os Alves, Maias, Rosados e os nossos sobrenomes próprios de dentro dos Currais que não me deixam mentir.
Lêda nos deixa na secretaria de saúde um legado de possibilidade de se caminhar nas searas da honestidade e nas possibilidades de sempre se fazer mais por quem mais necessita. A Lêda, um grande abraço e o sentimento de regozijo pelo trabalho de pura competência, honestidade e, acima de tudo, humanidade no espaço de um ano a frente da secretaria municipal de saúde. A João Gustavo os votos de um caminhar fortalecido pelos desejos de continuidade ao que já foi implantado e pelo que ainda virá de bom a partir do pensamento e conhecimento de Lêda, que deixa um legado de vitória sobre os que tentam desencaminhar as transformações que seguem nos distintos espaços do nosso país e que não deixam nem os Currais de fora. 

                                                                     Por Paulo Gomes

sábado, 1 de fevereiro de 2014

A POLÍTICA DOS CURRAIS, A EXONERAÇÃO DA SECRETÁRIA DE SAÚDE TÉRCIA LÊDA





Para conhecimento de todos Tércia Lêda já está dando expediente no hospital universitário em Santa Cruz, instituição que a capacitou com o conhecimento profundo sobre o SUS. Para sua saída da secretaria de saúde não existe um motivo plausível, restando as conjecturas e especulações. Tércia Lêda se destacou pelo trabalho técnico voltado para a implantação do SUS como realmente deve ser, o que incluiu o município em vários projetos federais, sendo reconhecida pela sua eficiência e conhecimento técnico do Sistema Único de Saúde. Resta-nos uma pergunta: por que retirá-la se o seu trabalho frente à secretaria é respaldado pelos funcionários públicos e comunidade? Encontrar essa resposta para além da fantasia, que é o que o discurso oficial vai se valer, é um desafio.
Era notória a oposição ao seu trabalho, a líder de governo chegou a fazer críticas no plenário da câmara a secretária,  reação nítida dos políticos tradicionais inconformados por não dispor mais da secretaria de saúde como recurso eleitoreiro. Por este caminho se seguiu sucessivas investidas: apagão na secretaria de saúde, boicotes e as exonerações de assessores mais próximos sob a alegação de corte de despesa, baseado na  esdrúxula argumentação que havia se gastado mais do que devia, linha de pensamento que não se sustenta, pois todos os pedidos de gastos dos secretários têm que passar pela aprovação das finanças e a assinatura do prefeito. Tal entendimento, tornando-se regra e se estendendo a toda administração, levaria o prefeito a se afastar compulsoriamente.
Qual então o motivo? Essa pergunta alguns destemidos filiados do PT, me incluo, fizeram em reunião do referido partido, assim como toda comunidade a fará, sem resposta, mesmo assim a maioria presente optou na continuidade do apoio a administração pública municipal, tal fato deve levar em consideração que o PT local é comandado pelo grupo de Odon, desde o afastamento do Dr. Mário Lourenço e de outras lideranças.
Depois de acirrado debate, se confirmou o nome João Gustavo (PT), indicado pelo prefeito, para dar continuidade ao trabalho de Tércia e o de Ronaldo Gomes (presidente do PT) para assumir a Fundação Cultural José Bezerra Gomes, que será desmembrada da secretaria de Turismo, resultado que corresponde a programação do grupo majoritário que domina o referido partido. O PT perdeu a oportunidade de tomar outra trajetória, sair da horizontalidade submissa de bons moços, de perceber o quanto estão sendo usados pela máquina administrativa desde o período do governo do prefeito Zé Lins.
Lêda, mesmo na adversidade, conseguiu com heroísmo implantar reformas profundas nunca vistas na área da saúde aqui no município. Sua postura, técnica e ética, era tão combatida que quem a defendia era a oposição diante da omissão da situação que visava unicamente se apossar da secretaria de saúde para trampolim eleitoral. O menos mal dessa história é que João Gustavo vai para o sacrifício, dar sequência a política implantada por Lêda, mas não esquecendo que nossa secretária, teve uma história singular, sua infância foi nas casas de taipa recobertas de palha na mineração Tomaz Salustino, lugar escondido para não estar a vista as condições “dignas” dadas aos mineiros, estudou em escola pública, na juventude participou de grupos religiosos, conheceu a teologia da libertação, fez UFRN, trabalha em hospital dessa mesma instituição e militou na construção do PT em Currais Novos, esse é o diferencial que a tornou capaz e sensível para ter confiança em contrariar as autoridades políticas tradicionais, dizer sim, sim, não, não, (uma afronta) sempre baseado em conhecimento e convicções profundas. Cabe a todo administrador o amadurecimento suficiente, aprender a conviver com ideias diferentes, principalmente quando elas se respaldam em eficiência, como as posturas de Lêda, esquecendo o orgulho oriundo da condição pessoal, cunhada no personalismo das tradições culturais do coronelismo, achar que é proprietário dos Currais. 

                                                                                           J. A.