segunda-feira, 1 de abril de 2013

DIA MUNDIAL DO TEATRO, 27 DE MARÇO
















O encerramento da semana do teatro no Espaço Avoante de Cultura, Currais Novos –RN, teve uma programação para o dia mundial do teatro, dia 27 de março. A noite começou com a apresentação da conclusão da oficina teatro ministrada pelo ator e diretor Paulo Gomes, iniciada no dia 25 de março, em seguida a apresentação do Grupo Caçuá de Mamulengo, contamos também com espaço reservado a divulgação de projeto por Diana Fontes e a performance Terra Mãe da Cia Empório Dell’Arte que fugindo do enquadramento recitatório, comuns nas cercanias, adotou recursos mais teatralizados, valorizando o trabalho.
Oficina de teatro
Grupo Caçuá de Mamulengo

Performance Terra Mãe

O dia, também, foi marcado por uma constatação: entre os presentes na plateia poucos currainovenses, boa parte dos espectadores era de Acari-RN, cerca de 50 alunos do Projovem vieram apreciar a noite de comemoração do dia do teatro. O mesmo aconteceu com a oficina de teatro, 75% dos inscritos era de Acari e São Vicente-RN. Essa apatia dos curraisnovenses pelo teatro nos preocupa e tem nos levado a refletir sobre a realidade cultural do município.Como todas as linguagens artísticas, o teatro se utiliza de multiplos recursos e de variadas formas. Podemos conferir isso, observando nossa história. Na década de 80 e 90 o teatro de rua teve seu apogeu. Entre os diversos grupos que atuavam, naquele momento, destacamos o Grupo Boca de Rua que adotava um repertório crítico, que buscava uma qualidade interpretativa sem excessos e modelos pré-estabelecidos e tinha como base para o trabalho o diretor russo, ator e pedagogo Constantin stanislavski, Augusto Boal, grande figura do teatro contemporâneo e Viola Spolim que valorizava o teatro improvisacional. Nesse momento acontece o primeiro movimento de teatro em Currais Novos.No final de 90 e o começo da década seguinte, o teatro ficou limitado a algumas escolas que o restringia às exigências dos calendários festivos e o humor de seus diretores, geralmente de escolas particulares que não prezavam pela formação teatral. Em 2005, mercadores das artes, motivados pelo dinheiro público, aportam suas caravelas vendendo resultados, é a chegada dos autos religiosos. Surge, então, o espetaculoso, implanta-se uma nova fase, só que, agora, prevalecem os exageros e a interpretação artificial modeladas por fórmulas. As alegorias e as exaltações dos gestos são valorizadas, sobressaem os excessos e brilhos em todos os sentidos. Pegos de surpresa, sem referências abrangentes capazes de gerar 
discernimentos sobre a linguagem teatral, jovens são captados para estes empreendimentos e passam a tomar tais recursos como o primor do fazer teatro e se arvoram no ofício de propagadores, reproduzi-los como ideário, sem a mínima preocupação com a leitura e estudo mais aprofundado, tendo  como base teórica os comandantes da expedição, que ao ganharem seus dividendos, cumprido seu ofício, partem numa nuvem fria em sua caravela prateada. Nesse imbróglio, embrulhada, podemos perceber o quanto estamos à deriva, a mercê da descontinuidade, devido, principalmente, à ausência de um plano de cultura da administração pública que permita pensar o passado e planejar o presente e futuro. Queríamos que fosse diferente a nossa história, mas não existem elementos que a propiciasse, qual a importância que nossos educadores dão a arte se eles não a apreciam? E a elite dos governantes que financiam a arte voltada para as massas que não se reveste da preocupação com o conteúdo e a construção do indivíduo?Será que nada do que foi plantado pelos nossos pioneiros vicejou? Não existe conexão com o que se fez, falta continuidade, parece que tudo sempre começa do nada. Nossa estrada é encontrar essas respostas para poder seguir andando, caso contrário, se arrastando.

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