quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

PROJETO FRANCILÚZIO DE MÚSICA POTIGUAR E BRASILEIRA


UM NOVO TEMPO


Marquinhos Fernandes, Graziella Fernandes e Tânia Soares
Finalmente começamos uma nova relação com o poder público, aconteceu o primeiro evento realizado pela Fundação Cultural José Bezerra Gomes, órgão responsável pela política cultural do município de Currais Novos, e o Espaço Avoante de Cultura, o Projeto Francilúzio de Música Potiguar e Brasileira. Idealizado por Celso Cruz, secretário de desenvolvimento, turismo e cultura, o show começou com  apresentação do cantor Agnelo Jr. e o percursionista
Agnelo
Carlinhos Baraw, seguido de Marquinhos Fernandes, Graziella Fernandes e Vinícius de Moraes Fernandes, filhos de Francilúzio, e encerrou com a parelhense, radicada em Natal, Tânia Soares, acompanhada por Giullian Monte. A receptividade da plateia foi contagiante, os músicos se mostraram  encantados com o Espaço Avoante, Tânia chegou a afirmar, após o show: “senti desde que cheguei uma energia forte e agradável no espaço”. Prestigiaram o momento o prefeito Vilton Cunha e a primeira dama, a secretária da Saúde Tércia Lêda, o secretário  do Trabalho, Habitação e Assistência Eugênio Lins, o presidente do Casarão da Poesia Wescley Gama, Adriano Bezerra da Cia. de Teatro  Empório Dell'Art e inumeráveis amantes da boa música.
O Projeto Francilúzio de Música Potiguar e Brasileira acontecerá sempre na primeira terça de cada mês a partir de Abril.
Vinícios e Marquinhos
Tânia Soares



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

AS MARCAS DOS CURRAIS



A marca de uma prefeitura é um símbolo que deve representar um sentimento a respeito de um dado município. É comum recorrer aos profissionais do mercado para criá-la, uma atitude condizente com os padrões atuais administrativos. Geralmente, recorrem-se as agências de publicidades fora do município, um profissional distante da realidade vivida, que por não conhecê-la solicita alguns símbolos, informações, para utilizar no processo de criação. Em alguns casos, outro componente se insere como determinante para se chegar ao resultado final: “Fazer qualquer coisa, afinal trata de uns coitados que vivem lá no interior do Estado.” Gostaria de estar enganado.
Uma coisa que me intriga é subestimar a capacidade criativa de nossa gente, principalmente dos artistas plásticos de nossa cidade. Será que nós não somos capazes de criar uma logo marca? Será que passamos todo esse tempo ensinando desenho, pintura, escultura aos nossos jovens em vão? Será que os nossos profissionais não apresentariam outras propostas melhores, propostas que expressassem mais fielmente a alma do nosso povo. Onde está a dificuldade de saber que o artista plástico, daqui, é um profissional?
Isso nos leva a crer que a cidade não se conhece e não valoriza seu potencial criativo e humano. Um fosso enorme entre as classes sociais em Currais Novos, criado ao longo de sua história permitiu essa divisão. Uma cidade sem unidade, em que os referenciais que aferem  valores do que é bom ficam circunscritas a uma classe, uma elite abastarda que domina a política e que se espelha, como narciso, em modelos externos, pois o bom e o melhor não se encontra aqui, devido a uma mono ideia que subjaz em suas mentes: se nós, os “ricos”, não somos capazes imaginem os pobres.
Acredito que essas marcas combinam com nossa cidade.

CASARÃO DE POESIA


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

SHOW NO AVOANTE

Estamos começando um grande projeto de música com a Fundação José Bezerra Gomes, trata do Projeto Francilúzio de Música Potiguar e Brasileira. Agora teremos a chance de nos atualizarmos quanto à música do nosso Estado e local, acesso esse que enriquecerá nosso referencial de música, ampliando nosso conhecimento e sensibilidade.
É importante ressaltar que esse evento aproxima a administração pública ao Espaço Avoante de Cultura,  um novo caminho com relação ao terceiro setor, as ONGS do nosso município, o qual não era possível até então.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

CARNAVAL CULTURAL, A RESISTÊNCIA




A convocação feita à Associação Avoante de Cultura para o engajamento no projeto do carnaval cultural 2013 nos remeteu a uma velha luta. Reporto-me à década de 90, quando no Arrastão da Gorette confeccionávamos bonecos gigantes com restos de espuma de colchão e remendávamos o parco tecido para suas roupas. Lembro-me do boneco do presidente Lula que o recepcionou quando esteve em Natal,  da alegoria de mão intitulada "A Mão Que Sangra" no desfile de carnaval em protesto ao governo do Dr. Mozar Dias e do bloco "Vírus do Ipiranga" com suas fantasias feitas de material reciclado que faziam críticas a ordem vigente. Todavia, o desencanto se abateu sobre Renatão do Arrastão da Gorette que, depois de uma década de descaso do poder público com relação ao seu trabalho, não resistiu ao pensamento elitista dos proprietários dos Currais que não incluia a cultura popular em sua agenda.
O momento que parecia marcar o  fim do carnaval popular em Currais Novos, a partir de 2006, com as gestões municipais de Zé Lins e Geraldo Gomes, felizmente não se confirmou, pois fomos despertados mais uma vez com o Arrastão do Boi. A semente estava adormecida nos olhos das crianças que se deslumbravam com os nossos bonecos gigantes e fantasias e que, hoje, adultos, movidos por essa lembrança feliz retomaram mais uma vez o carnaval popular. Não foram em vão nossos esforços, ninguém pode apagar o brilho dos olhos da criança de Ronaldo, Paula Érica, Adriano Nunes, Siderley e todos os artistas envolvidos no projeto do Arrastão do Boi que aprenderam a ver a beleza no mundo, a importância da cultura para transformação do indivíduo. Entendimento esse que os nossos governantes não conseguiram atingir, tolhidos que estão pelos interesses individualistas de seus clãs na apartheid de classes sociais em que prevalecem os valores de uma elite catequizada pelo “neocoronelismo”, que submete a população de baixa renda à extorsão eleitoral, relegando a ela uma função utilitarista para realização de seus intentos.
 As manifestações populares que valorizam e dignificam o indivíduo, que tem como articuladores a comunidade organizada, se inserem como intrumento da participação popular, contraponto ao modelo político administrativo adotado pelos nossos governantes que ainda seguem cartilhas de políticas reacionárias distante das diretrizes constitucionais. Tais entidades mostraram sua capacidade de mobilização ao organizar o Arrastão do Boi conferindo-lhe força e poder. 
Carnaval de Todos os Tempos idealizado por Jefferson Fernandes

Apesar do conservadorismo que impera no setor governamental em Currais Novos, iniciativas de participação popular aconteceram ao longo de sua história. No início da década de 90, destaca-se a iniciativa do coordenador de cultura Jefferson Fernandes. Ele construiu um projeto de carnaval junto com os artistas que consistia na realização de arrastões. Estes partiriam de cinco pontos da cidade com bonecos gigantes representando os bairros envolvidos. Daí surgiu o Arrastão da Gorette. Em 2005 houve uma tentativa de retomada  do projeto que foi abandonado nos anos subsequentes.
Fantasias e bonecos do Arrastão da Gorette
Arrastão da Gorette
A retomada do carnaval participativo e de iniciativa da comunidade civil organizada evidencia uma demanda cultural de caráter popular que não é atendida pelas adminsitrações públicas. Enquanto não for criado o espaço de direito para a cultura, por mais que tentem ignorá-la, a necessidade da expressão artística, do belo, estará sempre presente nas manifestações populares reinvidicando o reconhecimento devido. O Arrastão do Boi é uma prova desse desejo.